CELSON SENA MACIEL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da UNIME, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientadora: Profª. Célia Oliveira
SUMÁRIO
1 Objetivo 04
1.1 Tema 04
1.2 Objetivo geral 04
1.3 Objetivos específicos 04
2 Justificativa 05
2.1 Justificativa cientifica 05
2.2 Justificativa social 05
2.3 Justificativa pessoal 06
3 Definição do problema 07
4 Metodologia 07
5 Resumo 08
6 Referencial teórico 09
6.1 Introdução 09
6.2 Origem e evolução 10
6.3 Conceito 11
6.4 Estrutura do capital intelectual 11
6.5 A diferença entre o valor de mercado e o valor contábil 12
6.6 A razão entre o valor de mercado e o valor contábil 12
6.7 O “Q” de Tobin 12
6.8 O balanço intelectual 13
6.9 O capital intelectual e os princípios contábeis 13
6.10 Opções de avaliação de itens patrimoniais 15
6.11 Valor intangível calculado (VIC) 17
6.12 Proposta para mensuração e demonstração do capital Intelectual 18
7 Análise dos dados e resultados 19
8 Conclusão 29
9 Recomendações para futuros trabalhos 30
10 Referência 31
11 Apêndice 32
1 Objetivo
1.1 Tema
As raízes ocultas do valor contábil de uma empresa evidenciadas pela mensuração e escrituração confiável de seu capital intelectual frente ao desafio de estabelecer um novo método para a sua valoração e divulgação nas demonstrações contábeis.
1.2 Objetivo geral
Expor de forma clara e resumida as vantagens e desvantagens, facilidades e dificuldades para evidenciação, classificação, mensuração, escrituração e demonstração do capital intelectual, com a finalidade de analisá-lo e propor estratégias empresariais que dêem sustentabilidade a empresa em todos os seus aspectos (financeiro, tributário, operacional, logístico e etc.).
Propor um modelo de relatório contábil para demonstrar o capital intelectual das entidades, respeitando os princípios fundamentais de contabilidade visando dar maior transparência e valores mais realísticos às suas demonstrações financeiras.
1.3 Objetivos específicos
1. Buscar Informações relevantes sobre o histórico, os conceitos e as técnicas de mensuração do capital intelectual;
2. Enumerar e classificar os elementos constituintes do capital intelectual descritos na literatura sobre este assunto;
3. Elencar os métodos de mensuração e demonstração do capital intelectual descritos na literatura sobre este assunto;
4. Comparar o valor contábil com o valor de mercado da empresa Braske, constituídas como sociedade anônima, demonstrando a relação do setor de atividade com o capital intelectual e a lucratividade dessa empresa.
2 Justificativa
2.1 Justificativa cientifica
Com a crescente globalização e internacionalização das empresas, os investidores de todo o mundo passaram a aplicar em diferentes organizações de diferentes lugares do mundo, e para que um investidor europeu possa direcionar o seu dinheiro em empresas do outro lado mundo e até no Brasil, ele deve analisar a “saúde financeira” de sua investida com a finalidade de minimizar os riscos de perdas e maximizar a possibilidade de ganhos de capital.
A contabilidade uma vez mais deve evidenciar a situação econômico-financeira das entidades para que com isso ela deixe transparecer os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio das investidas. Mas vale ressalvar que os antigos padrões servem para direcionar o foco de como fazer as demonstrações, contudo as pequena, médias e grandes empresas de todo o mundo devem medir e determinar o valor do seu capital intelectual para que as suas demonstrações sejam equivalentes, verídicas, reais, atuais e transparentes.
Segundo Edvinsson & Malone em sua obra Capital Intelectual (1998, P 3): “Tem se tornado óbvio que o valor real dessas corporações não pode ser determinado somente pela contabilidade tradicional. O valor de uma Intel ou de uma Microsoft não reside nos tijolos e na argamassa ou mesmo nos estoques, mas em outro tipo intangível de ativo: O Capital Intelectual”.
2.2 Justificativa social
As empresas da era do conhecimento buscam incessantemente a equação da prosperidade empresarial, e para tanto lançam estratégias e métodos racionais para alcançar os resultados traçados, como conseqüência, utiliza as mais variadas ferramentas disponíveis para gerir de forma cientifica o sistema empresa. Nesta procura incessante por novas “formas” de tornar o empreendimento eficaz e eficiente as empresas transformam não só as suas práticas, mas também toda a sociedade que de alguma maneira interage de forma direta ou indireta com o sistema empresarial.
Neste sentido, em tese como já enunciado por cientistas contábeis, como Lopes Sá, quando a célula social em suas operações alcança a sustentabilidade econômica e consegue manter o seu nível de investimento com retorno monetário acima do montante aplicado, consegue de alguma forma, alavancar a prosperidade social dos membros que participam, direta e indiretamente da empreitada organizacional, seja na criação de postos de trabalho, seja na geração de receitas tributárias para o estado que posteriormente será transformado em benefícios sociais, por meio de programas de governo ou ainda por própria iniciativa voltada para responsabilidade social da empresa, direcionada para a comunidade local.
Desta forma se o sistema empresa cresce, a sociedade também prospera de alguma forma, e para chegar a tão almejada sustentabilidade organizacional são necessários diferenciais competitivos para “ganhar” mercado, um destes diferenciais é o conhecimento, denominado de capital intelectual que de alguma forma deve ser reconhecido, mensurado, evidenciado e gerenciado para que consiga gerar frutos positivos primeiramente para a empresa, e depois por conseqüência a sociedade.
2.3 Justificativa pessoal
O desafio de reconhecer, mensurar e evidenciar o capital intelectual pela ciência mais financeira das ciências sociais, a contabilidade, reside em dezenas de obstáculos que a priori parecem ser quase que imbatíveis, mostra a relevância de tal assunto, ainda mais que tal ativo intangível tem se tornado cada vez mais valioso mesmo que sem métodos objetivos para mensura-lo, na medida que a não é demonstrada para os empresários a diferença entre o valor patrimonial da empresa e o seu valor real e atual de mercado nos relatórios financeiros.
Esta lançado um dos maiores “problemas” para a ciência contábil, que se propõe a demonstrar o passado financeiro da empresa com o intuito de registrar bem os fatos presentes e gerar tendências para o futuro. e para que se consiga determinar com um elevado grau de eficácia os eventos e tendências futuros para uma empresa deve-se ter em mãos quais os benefícios que poderão ser alcançados e quais as dificuldades a serem enfrentadas escrituradas de forma objetiva e consistente.
Qual o empresário que não gostaria de possuir hoje os melhores e mais inteligentes funcionários de seu ramo de negócio? Como alavancar tal potencial (conhecimento)? Como medir e gerenciar os ativos intangíveis? Enfim o contador que se municia com respostas para tais questionamentos sai na vanguarda da era do conhecimento no ramo empresarial, e por esse motivo buscar evidencias e informações no intuito de construir conceitos para esclarecer o assunto denominado capital intelectual é motivo de sobra para qualquer profissional do ramo econômico-financeiro procure contribuir e apreender o máximo de conhecimentos sobre tal assunto de especial relevância na era da informação.
3 Definição do problema
Como evidenciar o capital intelectual nos relatórios contábeis e qual a sua influência no valor de uma empresa?4 Metodologia
Coletar dados a partir de pesquisa exploratória de levantamento de dados para orientar o foco de estudo e a estrutura do capital intelectual.
Aplicação de questionário com questões de múltipla escolha, direcionado para contadores, economistas, administradores, professores e profissionais ligados gestão administrativa e financeira de empresas de capital aberto e órgãos de classe com o objetivo de gerar um perfil do assunto capital intelectual no meio profissional.
Efetuar a análise de indicadores financeiros e das demonstrações financeiras da empresa Braskem S/A por meio de sítios da internet qualificados com o objetivo de identificar o valor do capital intelectual dentro da empresa analisada.
5. Resumo
A crescente internacionalização dos mercados e economias, e, a concorrencia empresarial acirrada, empurraram as empresas modernas e seus instrumentos gerenciais para um nivel elevado de desenvolvimento tecnologico e de relações humanas. A sociedade experimenta um nivel altissimo de desenvolvomento cientifco em todas as esferas do conhecimento, e para a ciência contabil não poderia ser diferente, as metodologias administrativas empregadas dentro e fora das empresas levaram a contabilidade a buscar artificios para continuar fornecendo informações precisas e preciosas para os administradores, com a finalidade de subsidiar uma decisão acertada e no momento certo. Neste cenário onde o conhecimento e uma informação relevante valem mais do que recursos financeiros, surgiu dentro da contabilidade a ideia de conhecer o capital intelectual, cujo foco se lançou primeiramente para a parte intangivel do patrimonio das entidades e no segundo momento afirmou que o capital intelectual também possui elementos tangiveis. Por esse e outros motivos é que o objetivo desta pesquisa é tratar de tal assunto que assume cada vez mais relevância dentro do cenário organizacional, o capital intelectual tem se tornado uma vantagem competitiva para as empresas que buscam entende-lo, mensura-lo, evidencia-lo e administra-lo de forma coerente e racional no intuito de criar mais valor para a empresa, e para isso neste trabalho são descritos metodos e praticas ja cristalizadas por doutrinadores deste ramo do conhecimento que enunciam como mensurar e demonstrar tal fato economico dentro das empresas, buscando compara-los a fim de detectar o perfil caracteristico de cada métodologia aplicada, e, não só isso, o referido trabalho também coloca profissionais frente ao tema, buscando avaliar a percepção de tais individuos quando o assunto tratado é capital intelectual.
6 Referencial teórico
6.1 Introdução
Com a atual transição da era industrial para a era da informação, o mundo e principalmente as empresas vem experimentando uma nova fonte de recursos para a geração de riquezas e conseguir a tão sonhada prosperidade organizacional de forma sustentável. O recurso em questão é o conhecimento, que conforme mencionado por Edvinsson & Malone (1998) “são ativos que se manifestam dentro das entidades empresariais principalmente na forma de inteligência humana e recursos intelectuais na criação de valor e riqueza.”.
Surge então a idéia do capital intelectual dentro das corporações do século XXI, que de forma exponencialmente crescente vem se tornando um diferencial competitivo no mercado globalizado e fator preponderante para a tomada de decisão em certas situações, como em empresas que se baseia quase que inteiramente na gestão do conhecimento. Conforme Rodney Wernke (2002) comenta:
A atenção dirigida a tais fatores é merecida tendo em vista que as organizações e os negócios estão se redefinindo em termos de formatos e meios de transações comerciais, tornando imprescindíveis itens como imagem, reputação, tecnologias informacionais, carteira de clientes, flexibilidade operacional, canais de distribuição, domínio de conhecimentos, funcionários capacitados, marcas, patentes, etc.
O interesse da ciência contábil pelo capital intelectual não é inútil, pois, se a contabilidade se propõe a estudar o patrimônio das entidades e suas mutações, ela esta reconhecendo também a relevância dos ativos intangíveis e do capital intelectual na geração de riqueza para as empresas, contudo, o desafio encontrado pelos contadores reside nos métodos e técnicas usados para mensurar o que na maioria das vezes não é tangível e até mesmo de difícil apropriação de valor monetário.
Os gestores do novo milênio tem consciência que hoje numa empresa os ativos intangíveis são muitos mais valiosos que os ativos tangíveis e para Rezende (2000), “quantificar esse valor intangível, que é uma lacuna existente entre o balanço patrimonial de uma empresa e o seu valor de mercado, é um dos grandes desafios da atualidade, especialmente para as empresas que detêm elevado conhecimento técnico.”. Mais uma vez a contabilidade esbarra na subjetividade e falta de documentação comprobatória característica do capital intelectual, ainda mais que, tais evidências não aparecem à frente do contador como uma nota fiscal de compra de matéria prima.
A contabilidade para esta missão quase impossível se apóia em sofisticados sistemas de informações fruto do robusto avanço tecnológico de hoje e graças a dezenas de estudiosos do assunto que usam seus conhecimentos e suas ferramentas na busca de encontrar formas de estudar o fenômeno contábil denominado capital intelectual.
6.2 Origem e evolução
A humanidade experimenta constantes mudanças ao longo de sua existência, fruto da curiosidade do homem em buscar entender e modificar o ambiente a sua volta. Tais modificações transformam profundamente não só as relações de produção, mas também, as relações sociais. Toda a realidade se modifica quando uma pequena variável deste ambiente muda. Segundo Toffler (1980) a sociedade em que vivemos esta vivendo a “terceira onda” no quesito relacionado com o modo de produção, ou seja, o homem passou por duas ondas que basearam a economia. A “primeira onda” se caracterizou com a agricultura sendo a principal fonte de produção, a “segunda onda” surgiu com o capitalismo onde a sociedade mudou completamente para uma era industrial e até o presente momento estamos “surfando” a “terceira onda” que tem como principal fonte de movimento o conhecimento.
Nesta onda de conhecimento surgiu dentro das grandes empresas em meados do século XX a idéia de conhecimento como fonte geradora de riqueza. Surgiu o conceito de que uma boa informação vale ouro. Uma informação privilegiada, atual, verdadeira, relevante e econômica se tornou em muitos ramos empresariais um diferencial de alta competitividade. Neste cenário surgiu a necessidade de gerenciar o intangível, ou seja, administrar o capital intelectual dentro das empresas como um recurso a ser planejado, investido e controlado com o objetivo de colher o fruto motivador do capitalismo, ou seja, obter lucros.
Desde que foi descoberto que a parte intangível (capital intelectual) do patrimônio da empresa poderia ser evidenciado e administrado, surgiram diversos conceitos para suportar e alavancar os estudos a cerca do capital intelectual, por ser uma definição razoavelmente jovem ainda há muito a ser descoberto e muitas variáveis a serem testadas, mas, o que se vê é a evolução rápida de um ramo da ciência financeira a ser trabalhado a fim de gerar bons resultados dentro e fora das empresas.
6.3 Conceito
Para pesquisar sobre alguma coisa é necessário definir conceitos para entender o que se esta pesquisando e para Edvinsson & Malone (1998) “o capital intelectual é a posse do conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamento com clientes e habilidades profissionais que proporcionem à empresa uma vantagem competitiva no mercado.”, e segundo os mesmos a demonstração do capital intelectual por uma formula matemática seria a soma do capital humano com o capital estrutural (CI = CH + CE) agregado ao que eles denominam de Navegador do Capital Intelectual, porém, a grande cartada aqui esta na enumeração das medidas constituintes do capital humano e do capital estrutural, que consequentemente devem variar a depender do ramo de atividade da empresa.
6.4 Estrutura do capital intelectual
Conforme um dos maiores estudiosos do capital intelectual Leif Edvinsson que foi a primeira pessoa no mundo a ocupar o cargo de Gerente de capital intelectual na empresa Skandia na Suécia em 1990, o mesmo enunciou que o conteúdo do capital intelectual esta dividido basicamente em duas formas. São eles o capital humano e o capital estrutural, conforme mencionado no parágrafo anterior.
Para Edvinsson & Malone (1998) o capital humano é:
O conhecimento, a experiência, o poder de inovação e a habilidade dos empregados de uma companhia para realizar as tarefas do dia a dia. Inclui também os valores, a cultural e a filosofia da empresa. O capital humano não pode ser propriedade da empresa.
E o capital estrutural é conceituado como:
Os equipamentos de informática, os softwares, os bancos de dados, as patentes, as marcas registradas e todo o resto da capacidade organizacional que apóia a produtividade daqueles empregados – em poucas palavras, tudo o que permanece no escritório quando os empregados vão para casa. O capital estrutural também inclui o capital de clientes, o relacionamento desenvolvido com os principais clientes. Ao contrário do capital humano, o capital estrutural pode ser possuído e, portanto, negociado.
6.5 A diferença entre o valor de mercado e o valor contábil
Um dos primeiros métodos e mais lógico para mensurar o capital intelectual de uma empresa foi proposto por Góis (2000) apud Wernk (2002) que de forma racional e intuitiva afirmou que “a diferença entre o valor de mercado e o valor contábil de uma entidade demonstraria o valor da parte intangível do patrimônio, ou seja, o valor do capital intelectual (CI = VM – VC)”. Mas algumas ressalvas são necessárias acerca deste modelo, tais como explicar a interferência das flutuações do valor de mercado da empresa e a influência da inflação neste valor, figurando como as principais desvantagens para explicar o valor do capital intelectual.
6.6 A razão entre o valor de mercado e o valor contábil
Outra metodologia foi enunciada por Lev (2000) apud Wernk (2002) que descreveu o valor do ativo intangível como à razão entre o valor de mercado pelo valor contábil, evidenciando o capital intelectual como um índice (CI = VM / VC).
6.7 O “Q” de Tobin
Para Fama & Barros (2000) apud Wernk (2002) o “Q” de Tobin descreve o capital intelectual como sendo a relação entre o valor de mercado das ações mais valor de mercado das dividas sobre e o valor de reposição de seus ativos físicos (CI = [VMA + VMD] / VRA).
6.8 O balanço intelectual
Conforme Padoveze (2000)
apud Wernk (2002) o capital intelectual não se constitui como um ativo, mas, sim como uma origem de recursos para uma entidade, ou seja, “o capital intelectual na verdade é um passivo”. A demonstração do capital intelectual é disposta naquilo que ele chama de balanço intelectual conforme figura abaixo:
ATIVO
PASSIVO
Balanço Tradicional
Investimentos Tangíveis
Capital financeiro
Bens e direitos
Balanço Intelectual
Propriedade Intelectual
Capital Intelectual
Goodwill
Tecnologia
Competência
Outros
Total do ativo
Total do Passivo
Fonte: adaptado de Padoveze (2000) apud Wernke (2002)
Demonstrado o capital intelectual, a busca não acaba, esta só começando, temos que enumerar os elementos constituintes dos grupos descritos no balanço intelectual para depois valorarmos, esta pode ser a parte mais complexa e de fundamental importância no tratamento do capital intelectual, pois, ira refletir no valor patrimonial da empresa.
6.9 O capital intelectual e os princípios contábeis
Toda ciência apresenta pressupostos para ter validade, para que possua uniformidade na busca daquilo que se quer observar e comprovar, e com a contabilidade não poderia ser diferente. Além de objeto de estudo e metodologia, uma doutrina seja de qualquer ramo científico deve ser fundamentada por princípios, postulados e convenções.
Para Perez Jr. (1999) “Os princípios contábeis podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos fenômenos econômicos contemplados pela contabilidade; tais premissas são à cristalização da análise e da observação da realidade econômica.”, como se vê a contabilidade precisa de tais princípios não só para se valer como ciência, mas também, para conseguir apreender e compreender os atos e fatos econômicos e financeiros dentro da entidade.
O capital intelectual como mais uma das novas correntes de pensamento dentro da ciência contábil, necessita se adequar aos princípios e convenções contábeis, pode-se até arriscar que para se conseguir evidenciar, mensurar e demonstrar o fenômeno denominado capital intelectual, temos que, quase que, obrigatoriamente nos apropriar dos conceitos e enunciados proferidos pelos princípios e convenções contábeis.
Primeiro deve-se esclarecer quando um princípio é geralmente aceito, isto quer dizer que ele deve atender algumas condições básicas para que isso ocorra, e segundo Perez Jr. (1999).
“São duas as condições básicas a fim de que um princípio supere a fase da tentativa e transforme-se em geralmente aceito no sentido de universalmente aceito e, portanto, incorporado à doutrina contábil: (a) deve ser considerado praticável pelo consenso profissional; (b) deve ser considerado útil.”
Segundo deve-se entender como são tratados os princípios contábeis no Brasil. Aqui convivem três fontes de estimada competência que abordam os princípios fundamentais de contabilidade, são eles a lei societária (lei 6.404/76), o Ipecafi/Ibracon/CVM e o conselho federal de contabilidade. Todos aceitos na esfera profissional contábil, contudo, o mais importante é que apesar de existirem três correntes distintas que explanam sobre os princípios contábeis, todos eles praticamente são unânimes nos conceitos sobre os princípios, e dividem os mesmos em grandes grupos assim definidos: referentes ao ambiente (postulados), referentes às regras (princípios) e referentes às limitações (convenções).
O principio do custo como base de valor é de grande valia na escrituração dos fatos contábeis, portanto, pode ser considerado como um alicerce na busca de valoração do capital intelectual dentro e quem sabe até, fora das organizações empresariais. Partindo do pressuposto de que podemos “inferir” um valor monetário para um elemento considerado como capital intelectual, à medida que, conseguirmos mensurar o seu custo de reposição. O que pretendemos aqui é diagnosticar o quanto vale um ativo intangível a partir de quanto teremos que desembolsar ou até deixar de ganhar se o não possuirmos, tudo isto baseado em registros objetivos como o valor para adquirir ou fabricar o determinado ativo.
Suportando o princípio do custo como base de valor para fornecer uma informação confiável e verdadeira, temos o princípio do denominador comum monetário que oferece uma resposta para tratar o valor de custo de um ativo em economias com expressivas flutuações inflacionárias. Primeiramente este princípio contábil só oferece cobertura para os fatos avaliáveis em valor monetário e em segundo lugar é que podemos avaliar ativos em valores constantes como os usados em unidades padrão na contabilidade em moeda constante. Um bom exemplo seria a escrituração dos valores do capital intelectual em forma de indexadores ou em moedas com poucas variações cambiais para depois, efetuar a conversão para a moeda nacionalmente aceita.
Outro alicerce para o princípio do custo como base de valor na mensuração do capital intelectual, vem aliado a conceitos da famosa ciência econômica que versa sobre a geração de valor (lucro) não só no momento da realização da receita que vem a ser mais um dos princípios de outra ciência bem conhecida, a também famosa contabilidade. Conforme descrito por Perez Jr. (1999) “Esse princípio tem sido um dos mais visados, principalmente pelos economistas, por julgarem que o processo de produção adiciona valor aos fatores que estão sendo manipulados, ao passo que, contabilmente, se verifica apenas uma integração de fatores.”. O entrave aqui reside na apuração do valor dos elementos patrimoniais antes da realização da receita, e como a contabilidade é uma ciência que se propõe a demonstrar o valor do patrimônio das entidades ela deve evidenciar tais valores o mais realisticamente possível e neste contexto, esta inserido o capital intelectual, que é um elemento do patrimônio que gera valores acima dos contabilizados no balanço convencional. Para reduzir este efeito se faz necessário a incorporação de fatores considerados pela economia, dentro das empresas e até transformar sistema de informação contábil que gera demonstrações num modus operandi periódico para um modus operandi permanente.
A convenção da objetividade oferece uma relevante limitação na avaliação do capital intelectual, que segundo a mesma (Perez Jr., 1999) “os fatos contábeis devem ser suportados por documentos ou critérios objetivos”, portanto, o desafio para a valoração do capital intelectual cresce, à medida que, tem de atender tais critérios, mas, o importante é que tais desafios só trazem mais consistência ao fenômeno denominado capital intelectual, que para ser evidenciado deve ser tratado de forma racional e cientifica.
6.10 Opções de avaliação de itens patrimoniais
Baseado nos princípios fundamentais de contabilidade editados pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio da resolução 750 de 1993, os elementos patrimoniais das entidades devem ser avaliados pelo seu valor de aquisição mais todos os outros fatores que foram integrados a este elemento patrimonial, com o objetivo de deixa-la à disposição da empresa, mais conhecido como, principio do registro pelo valor original, onde o que interessa é o custo histórico do patrimônio demonstrado no seu momento de compra.
O capital intelectual por se tratar de um item do patrimônio que busca diagnosticar a influência do conhecimento e da experiência dos funcionários aliado ao aparato tecnológico da empresa, assim como, da sua imagem dentro do mercado, não seria corretamente evidenciado por um registro que ocorreu no passado. Segundo os diversos doutrinadores da ciência econômico-administrativa, a empresa moderna aprende com o arrolar de seus processos e como tal, ganha ou perde valor durante o tempo. Então, seria mais coerente quantificar o capital intelectual a cada momento, a cada instante de “vida” da empresa, pois, assim teríamos o valor real e atual do patrimônio no momento em que fosse necessário a sua demonstração.
Conforme descrito por Malaquias (2008), a avaliação dos itens patrimoniais podem se basear em valores de entradas ou valores de saída, sempre relacionados com os três aspectos temporais, muito bem dispostos na tabela a seguir:
Avaliação de itens patrimoniais com base em valores de entrada
AspectoTemporal
OpçãodeAvaliação
Característica
Passado
CustoHistórico
Custo estático. Registra fatos ocorridos nopassado. Desconsidera alterações de preços
Presente
CustoCorrente
Considera a variação especifica dos preços de determinado bem ou serviço, apresentando o seu valor de compra na data em que se faz a avaliação
Futuro
Custo deReposiçãoFuturo
Expectativa do custo corrente na data da reposição futura de um item patrimonial
Avaliação de itens patrimoniais com base em valores de saída
AspectoTemporal
OpçãodeAvaliação
Característica
Passado
ValorRealizado
Útil para a mensuração das receitas e, não, dos ativos. Apresenta valores negociados emtransações já realizadas pela empresa
Presente
ValorCorrentede Venda
Proporciona informações sobre os valores de venda dos itens patrimoniais no mercado
Futuro
Valor deRealizaçãoFutura
Representa o benefício que a empresa auferirá com a realização de um item patrimonial no futuro
Fonte: adaptado de Fipecafi (2001) apud Malaquias (2008)
6.11 Valor intangível calculado (VIC)
Um método desenvolvido pela empresa da indústria farmacêutica americana National Câncer Institute Research Resource que segundo Stewart (1998), determina por meios objetivos um modelo para atribuir valor aos ativos intangíveis de uma organização, e, como o capital intelectual em grande parte é composto por elementos de natureza intangível, é interessante aplicar tal formulação na tentativa de mensurar o capital intelectual.
A lógica básica do modelo parte do pressuposto de que o valor dos ativos intangíveis de uma empresa é igual a capacidade que uma entidade tem de superar o desempenho dos ativos tangíveis semelhantes de um concorrente médio. Esta descrito abaixo passo a passo através de um exemplo como aplicar tal equação na avaliação do valor intangível calculado:
Passo 1 – Calcule as receitas antes da tributação referentes aos três últimos anos. Por exemplo: R$2.023.397.000,00
Passo 2 – Calcule a média dos ativos tangíveis no final do ano referente aos três anos, através do balanço patrimonial. Por exemplo: R$7.152.379.666,67
Passo 3 – Obtenha o retorno sobre os ativos, dividindo as receitas pelos ativos: 28,29%
Passo 4 – Obtenha o retorno médio sobre os ativos do setor para o mesmo período, pode se utilizar índices extraídos de revistas ou instituições especializadas. Imaginemos que o retorno seja de, 5,50%
Passo 5 – Calcule o “ganho médio do setor”. Multiplique o retorno médio sobre o ativo do setor pela média dos ativos intangíveis da empresa: R$393.380.881,67
Passo 6 – Calcule valor adicional das receitas da empresa provenientes de seus ativos em relação á média do setor, ou seja, “retorno em excesso”: R$1.630.016.118,33
Passo 7 – Calcule o imposto de renda sobre o valor adicional. Multiplique o resultado do retorno em excesso pela média da alíquota de imposto de renda no período analisado: R$244.502.417,75
Passo 8 – Diminua do retorno em excesso, o valor do imposto de renda encontrado no item anterior. Este valor representa o prêmio a ser atribuído aos ativos intangíveis: R$1.385.513.700,58
Passo 9 – Calcule o valor presente líquido do prêmio, dividindo o prêmio por um percentual apropriado, por exemplo, o custo do capital da empresa. Escolheremos a percentual de 20% representando o custo do capital: R$5.542.054.802,33
Fonte: Valores coletados da empresa Braskem S/A no site www.bovespa.com.br: acesso em 06/01/2009 e calculado pelo site www.acionista.com.br: acesso em 11/01/2009
Encontrado o valor intangível calculado (VIC) de R$ 5.542.054.802,33 para a empresa Braskem S/A referentes ao período de 2005 à 2007, que importa dizer que tal medida representa a habilidade da empresa em questão de usar os seus ativos intangíveis em relação ao uso de seus ativos tangíveis para superar as empresas de seu setor econômico de atuação.
Vale salientar que tal processo de calculo ainda não é conclusivo e nem de total certeza absoluta, apenas representa uma metodologia que deve ser aperfeiçoada de acordo com o ramo de atuação da empresa avaliada e mais utilizada por organismos oficiais, sendo contudo, um excelente referencial para iniciar a mensuração do valor intangível gerado por uma entidade.
6.12 Proposta para mensuração e demonstração
Pode-se dizer que, partindo dos conceitos mencionados anteriormente a contabilidade encontra um arcabouço orientador e motivador na busca para encontrar uma metodologia confiável e transparente para evidenciar, medir e demonstrar o capital intelectual, oferecendo subsídios relevantes para a gestão consciente dos ativos intangíveis de uma empresa.
O primeiro passo deve ser direcionado para estudar o ambiente interno das organizações visando encontrar sistemas de informações, valores humanos, criatividade, flexibilidade e inovação nos processos organizacionais para depois apropriar-lhe valores monetários com base em um ou mais princípios fundamentais de contabilidade como exemplo o custo de reposição ou custo histórico. E por fim avaliar o ambiente externo da empresa como clientes, fornecedores, economia, concorrência e governo e principalmente como eles afetam os valores inseridos na parte tangível e intangível do patrimônio da entidade.
Após colher as evidências com os métodos acima descritos, o ideal é efetuar uma revisão analítica e lançar um foco critico sobre os dados coletados com o intuito de gerar informações relevantes para compor um novo relatório contábil chamada de Demonstração do Capital Intelectual que deve integrar as notas explicativas das empresas denominadas sociedades anônimas, pois, como a formação e valoração do capital intelectual se trata de uma evidenciação de cunho subjetivo até o presente momento, não cabendo em um modelo muito sintético e sim num modelo mais analítico, haja visto, o grau de complexidade das variáveis que compõem tal assunto.
7 Análise dos dados e resultados
A pesquisa foi direcionada para profissionais do ramo econômico-financeiro, via questionário versando sobre o assunto capital intelectual, e os resultados foram obtidos de uma amostra relativamente pequena, com 25 profissionais da cidade de Salvador, Estado da Bahia, e, mesmo sendo pouco testado, pode-se dizer que a confiabilidade da pesquisa, reside na qualificação técnica do grupo entrevistado que possui conhecimentos relevantes a cerca do tema abordado.
Em relação idade dos indivíduos entrevistados, observa-se abaixo na figura 1 que aproximadamente dois terços da amostra está na faixa etária de profissionais que teoricamente estão ativamente no mercado de trabalho entre 21 e 40 anos.
Figura 1: Idade dos indivíduos entrevistados em anos completos
Houve um empate técnico na proporção de homens e mulheres abordados pela pesquisa, conforme Quadro 1, demonstrando que a opinião será eqüitativa em relação a visão dos dois sexos a cerca do tema da pesquisa.
Quadro 1Sexo
Descrição
nº
%
Masculino
14
56
Feminino
11
44
Total
25
100
Quadro 1: Sexo dos entrevistados
A maioria dos entrevistados foram profissionais de nível superior conforme quadro 2 abaixo
Quadro 2Grau de instrução
Descrição
nº
%
Superior imcompleto
4
16
Superior completo
21
84
Total
25
100
Quadro 2: Grau de instrução dos entrevistados
Dentre os profissionais pesquisados houve uma distribuição bem interessante no nível de formação superior encontrado, sendo que grande maioria ainda esta no nível de bacharelado, mas com alguns especialistas e mestres conforme visto na figura 2 abaixo.
Figura 2: Nível acadêmico dos profissionais entrevistados
Em sua grande maioria, os contadores foram quase metade da amostra, referendando que a opinião que ira surgir desta pesquisa será a ótica da área contábil a cerca do tema abordado pela pesquisa, veja figura 3 abaixo:
Figura 3: Ocupação dos entrevistados
O tempo na ocupação acima mencionada demonstra que os indivíduos entrevistados em sua maioria não possuem muita experiência dentro da área de atuação financeira, contudo vale lembrar que este perfil pode ser um indicativo de profissionais recém formados, que saíram recentemente da academia e com muitos conceitos recentes da sua área de atuação. Em sua maioria os entrevistados estão na faixa entre 5 a 10 anos no tempo de ocupação.
Figura 4: tempo na ocupação em anos completos
Para a maioria dos profissionais entrevistados o capital intelectual é um diferencial competitivo de uma empresa, evidenciando que os benefícios criados pela mensuração, demonstração e gestão de tal recurso pode ser uma realidade na busca de vencer a competição com os concorrentes.
Figura 5: O capital intelectual é um diferencial competitivo para uma empresa?
O contra ponto do quesito anterior é ratificado neste quesito, deixando transparecer que seria importante divulgar o capital intelectual, mas não com toda a convicção de que seria um diferencial para uma empresa.
Figura 6: É importante divulgar o capital intelectual de uma empresa?
Observa-se que para grande maioria o capital intelectual é um componente do grupo do ativo, sendo considerada uma aplicação de recursos para a operacionalização da empresa de forma eficiente.
Figura 7: O capital intelectual é um componente do grupo patrimonial do?
Novamente analisando os dados coletados percebe-se que o valor de uma empresa e a possível melhora na eficiência vem principalmente dos recursos humanos (26%) que juntamente com a boa aplicação dos recursos financeiros (20%) aliado a uma boa imagem da empresa frente ao mercado, são os pontos que devem ser investidos para a geração de riqueza e prosperidade empresarial.
Figura 8: O recurso mais importante dentro de uma empresa?
Os elementos constituintes do capital intelectual são em primeiro lugar aqueles ligados aos recursos humanos da empresa conforme disposto no quadro abaixo, observando que os primeiros estão ligados ao que os especialistas em capital intelectual denominam de capital humano e capital estrutural.
Quadro 3Os elementos constituintes do capital intelectual
Descrição
nº
%
Competência
19
13
Experiência
16
11
Funcionários
14
10
Treinamento
12
8
Criatividade
12
8
Iniciativa
10
7
Know how
10
7
Inovação
8
6
P&D
5
3
Marcas
5
3
Patentes
5
3
Clientes
5
3
Tecnologia
4
3
Fidelização
4
3
Parcerias
3
2
Benefícios futuros
3
2
Propaganda
2
1
Software
2
1
Tempo de mercado
2
1
Caixa
1
1
Lucros futuros
1
1
Total
143
100
Quadro 3: Os elementos constituintes do capital intelectual são?
O valor de realização futura (44%) é o critério mais apropriado segundo os entrevistados para avaliar os itens intangíveis do patrimônio, indo de encontro ao que os princípios fundamentais de contabilidade enunciam para a mensuração de tais fatos. Mas, mesmo a legislação em vigor no Brasil e no mundo percebe que para a valoração de bens imateriais , que se formam ao longo da operacionalização da empresa não podem ser avaliados pelo seu custo historio e sim pelo seu valor na geração de benefícios futuros.
Quadro 4Critério de avaliação de itens intangíveis
Descrição
nº
%
Valor de realização futura
11
44
Custo de reposição futuro
4
16
Valor corrente de venda
4
16
Custo histórico
3
12
Custo corrente
2
8
Valor realizado
1
4
Total
25
100
Quadro 4: Critérios de avaliação de itens intangíveis
A demonstração do capital intelectual ainda não é uma realidade nas empresas brasileiras, um dos únicos casos registrados é o navegador do capital intelectual divulgado pela empresa sueca Skandia, que de certa forma deixa transparecer o fenômeno capital intelectual nas operações da empresa Skandia, mas, até o momento nenhuma sociedade anônima aqui no Brasil ousou captar e demonstrar o capital intelectual de alguma forma em suas demonstrações financeiras. A pesquisa em questão resolveu detectar onde deveria ser encaixada tal evidenciação e não por acaso, os profissionais do ramo financeiro entrevistados determinaram que cabe em notas explicativas (28%) a demonstração do capital intelectual de uma forma meio subjetiva e meio objetiva, sendo qualificado em toda a sua extensão e quantificado por critérios diretos e objetivos. Logo em seguida veio a soma do capital humano com o capital estrutural (24%) como forma de mensurar e quem sabe até demonstrar o capital intelectual por meio de um modelo por extenso onde seriam dispostos os elementos constituintes de cada grande grupo sendo valorado por modelos matemáticos próprios para itens tangíveis e intangíveis. Em terceiro lugar surge o critério baseado nos benefícios futuros que podem ser alçados por tais elementos intangíveis mais o valor de reposição de tais ativos intangíveis (20%) sendo bastante coerente este foco, pois, avalia o valor histórico na geração o bem imaterial mais os seus possíveis benefícios criados mais o valor que pode ser despendido para a sua reposição em dado momento. O mais importante nestes e nos outros métodos demonstrados no quadro 5, é que explanam formas de transparecer o valor do capital intelectual de uma entidade alguns de modo simples como a diferença entre o valor contábil e o valor de mercado da empresa (12%) e outros mais complexos como nas notas explicativas. Mas todos com suas vantagens e desvantagens. Por fim, tais critérios servem para que profissionais e estudiosos do assunto se debrucem sobre tais modelos a fim de criar uma ferramenta consistente para auferir e descrever o capital intelectual nas suas diferentes formas.
Quadro 5Critérios para mensurar o capital intelectual
Descrição
nº
%
Deve ser reconhecido, mensurado e evidenciado nas Notas Explicativas
7
28
Capital Humano + Capital Estrutural
6
24
Benefícios Futuros + Valor Reposição Ativos Intangíveis
5
20
Valor de Mercado – Valor Contábil
3
12
Valor de Mercado / Valor Contábil dos Ativos
2
8
Valor Unitário Ações Mercado x Número Ações Mercado) – Patrimônio Liquido
1
4
Não pode ser medido
1
4
(Valor Ações Mercado + Valor Dividas Terceiros) / Valor Reposição Ativos
0
0
Total
25
100
Quadro 5: Critérios para mensurar e evidenciar o capital intelectual
A conclusão com o estudo estatístico da percepção do fenômeno financeiro do capital intelectual pelos profissionais desta área econômica estão descritos no quadro 6 a seguir, onde estão disposta as possíveis vantagens obtidas na demonstração e gestão do capital intelectual pelas empresas de diversos ramos de atuação. O fator de maior beneficio seria a melhora da imagem da empresa frente ao mercado e seu publico interno e externo (26%), salientando que o próprio capital intelectual esta configurado com a imagem da empresa e por esse motivo seria melhor gerida caso fosse evidenciado o seu valor e as formas de alavancada. O pessoal interno da empresa também teria mais transparência e uma forma de reconhecer a sua utilidade na geração de riqueza para a empresa, e por esse motivo 23% dos entrevistados alegaram que seria um fator motivacional para os funcionários a demonstração do capital intelectual. Outra vantagem esta relacionada ao valor de mercado da empresa que a qualquer tempo teria o valor justo do empreendimento para o mercado (13%) se caso fosse evidenciado nas demonstrações contábeis o capital intelectual. Os administradores também conseguiriam melhorar a navegação do sistema empresa caso fossem mensuradas e disposta as variáveis intangíveis de forma mais clara, real e objetiva o fenômeno contábil denominado capital intelectual e por isso para 12% dos profissionais da área financeira a demonstração consistente do capital intelectual facilita a gestão da entidade empresarial. De modo que outras vantagens também seriam atingidas em menor ou maior grau. Mas com toda certeza quanto mais detalhado, conciso, preciso e real o quadro financeiro pintado da empresa melhor a visão de todos os usuários da informação financeira para gerir de forma eficiente os recursos dispostos para a obtenção dos resultados planejados.
Quadro 6Vantagens quando é demonstrado o capital intelectual
Descrição
nº
%
Melhora a imagem da empresa
22
26
Motiva o pessoal interno
19
23
Facilita a avaliação da empresa no mercado
11
13
Facilita a gestão da empresa
10
12
Possibilita prever os ganhos futuros da empresa
6
7
Torna mais seguro o relacionamento com clientes
6
7
Diminui decisões emocionais por parte da administração
5
6
Amplia o mercado de trabalho dos contadores
3
4
Aumenta a previsibilidade de variações no preço de ações
2
2
Nenhum aspecto positivo
0
0
Total
84
100
Quadro 6: Vantagens quando é demonstrado o capital intelectual
O quadro 7 efetua uma avaliação do capital intelectual baseado na diferença entre o valor de mercado menos o valor do capital realizado da empresa Braskem S/A, o valor de mercado foi obtido multiplicando o numero de ações disponíveis para a venda (categoria BRKM3) pelo valor da cotação na bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) nas datas de 31/12/2006 e 31/12/2007. e na mesma data foi capturado o valor do capital realizado disposto no patrimonio liquido da mesma empresa.
O valor encontrado na diferença entre o valor contabil e o valor de mercado nos dois anos avaliados, foi considerado como o valor do capital intelectual que registrou o montante de R$1,6 bilhões em 2006 e R$1,4 bilhões em 2007.
Para obter o nível de impacto do valor do capital intelectual nas atividades da Braskem foi registrado o valor do lucro liquido dos dois anos e efetuada uma análise financeira no sentido de confrontar a situação em relação ao referido lucro liquido e em relação ao valor do capital realizado.
Os indices encontrados evidenciaram que o valor do capital intelectual em relação ao valor contabil representou 0,37 em 2006 e 0,31 em 2007, ou seja, o valor de mercado da empresa estava um terço a mais do valor registrado na contabilidade, representando a parte intangível da Braskem.
Percebe-se também que os indicadores de produtividade demonstram que o valor do lucro liquido em relação a parte tangivel é menos expressivo (0,02 em 2006 e 0,12 em 2007) do que em relação a parte intangível (0,06 em 2006 e 0,38 em 2007), claro que guardando as devidas proporções do valor contabil (R$4,3 bilhões em 2006 e R$4,6 bilhões em 2007) versus o valor do capital intelectual antes mencionado.
Braskem S/A
Valor Contabil (capital realizado)
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
R$ 4.311.887.000,00
R$ 4.640.947.000,00
Valor Mercado (nr ações*cotação)
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
R$ 5.926.432.000,00
R$ 6.067.345.500,00
Valor Capital Intelectual (VM - VC)
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
R$ 1.614.545.000,00
R$ 1.426.398.500,00
Lucro Liquido
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
R$ 101.349.000,00
R$ 547.584.000,00
Valor Capital Intelectual / Valor Contabil
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
0,37
0,31
Lucro Liquido / Valor Contabil
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
0,02
0,12
Lucro Liquido / Valor Capital Intelectual
ANO 1 (2006)
ANO 2 (2007)
0,06
0,38
Quadro 7: Indicadores calculados sobre as demonstrações da empresa Braskem S/A
Os dados do exemplo citado no item 6.11 desta pesquisa foram coletados junto as demonstrações contabeis da empresa Braskem S/A disponíveis no site da Bovespa e do sitio acionista.com.br, e evidenciam que no periodo entre 2005 e 2007 o valor intangível calculado (VIC) representa aproximadamente R$5,5 bilhões.
Notando que esta maneira alternativa de mensuração do capital intelectual remonta o desmpenho dos ativos tangíveis na geração de valor intangível para a empresa.
8 Conclusão
As empresas modernas buscam incessantemente alcançar a prosperidade e sustentabilidade de suas operações, e para tanto lançam estrategias organizacionais fundamentadas em metodos ciêntificos para conseguir atingir os seus objetivos. Empresas estas inseridas numa sociedade baseada principalmente na informação e no conhecimento. Com todos esses ingredientes é que surgiu a idéia de capital intelectual, que segundo Stewart (1998) nada mais é do que “a soma do conhecimento, informações, propriedade intelectual, experiência que pode ser utilizada para gerar riqueza” e vantagem competitiva para as entidades empresariais, desde que, identificado e gerido de forma racional, com o intuito de alavanca-lo.
A pesquisa em questão obteve algumas formas de identificar e mensurar o capital intelectual dentro das organizações, por meio de metodologias criadas por doutrinadores especialistas neste assunto, e, o que foi evidenciado é que os modelos propostos possuem muito mais limitações do que vantagens. Do ponto de vista das limitações foi encontrada dificuldade em transparecer o valor real do capital intelectual, pois, nos dois casos aplicados (diferença entre valor de mercado e valor contabil versus Valor intangível calculado – VIC) percebeu-se que ambos demonstraram valores diferentes e avaliam fatores distintos, e de certa forma ainda pautando um pouco pela subjetividade para alcançar a valoração do capital intelectual contrariando o postulado da obejetividade da ciência contábil. Sobre a otica de que a mensuração e demonstração do capital intelectual oferece vantagens para as empresas, observa-se que a definição dos elementos constituintes do capital intelectual pela empresa para a sua valoração, acaba trazendo a tona variáveis relevantes para subsidiar a tomada de decisão pelos administradores, que antes não eram levadas em conta pela contabilidade dita tradicional.
A influência do capital intelectual sobre o valor de uma empresa, reside principalmente noa reafirmação e reconhecimento de que o maior recurso organizacional são as pessoas, o fator humano quando bem investido e gerido oferece ganhos certas vezes imensuráveis. Fisicamente falando , o conhecimento, a experiência e a informação relevante são a reação da ação sobre o funcionário e certos recursos tecnologicos quando a tese é capital intelectual.
Por fim no presente momento ainda não existe no Brasil uma demonstração do capital intelectual, a legislação em vigor e nem os órgãos oficiais ainda não prevêm tal relatorio contábil, contudo por questões gerenciais tal evidencia poderiam ser bem divulgadas por meio das notas explicativas, que demonstram ao mesmo tempo fatos qualitativos e quantitativos.
9 Recomendações para futuros trabalhos
A presente pesquisa oferece alguns intrumentos uteis na avaliação tanto qualitativa quanto quantitativa dos recursos intangíveis em especial o capital inetelctual, que de certa forma se compõe da soma de recursos tangíveis e intangíveis, porém, em futuras pesquisas o campo de amostragem podera ser melhor aproveitado no sentido de avaliar não só uma empresa, mas, dezenas de empresas de diversos setores economicos, com o intuito de determinar um perfil caracteristico da influencia do capital intelectual nas empresas pesquisadas.
Outro possibilidade seria utilizar todas as formas de mensuração e evidenciação do capital intelectual disponiveis pelos doutrinadores do assunto e aplica-los nas empresas de capital aberto, para que com isso, consiga fornecer subsidios alternativos para os administradores tomarem decisões a cerca de como gerir e criar mais valor para os recursos intangíveis, bastante similar ao ramo da contabiliade de custo que se apropria de alguns metodos de custeio a fim de tomar decisões gerenciais a cerca de produção e custo de produção.
10 Referência
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE; Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade de auditoria e perícia; Brasília; CFC; 2006.
EDVINSSON, Leif; MALONE, Michael S.; O Capital Intelectual; Tradução Roberto Galman; Revisão técnica Petros Katalifós; São Paulo; Makron Books; 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; Manual de Contabilidade das sociedades por ações da FIPECAFI (FEA/USP); São Paulo; sétima edição; Editora Atlas; 2007.
Internet; www.bovespa.com.br
acesso em 06/01/2009
Internet; www.acionista.com.br
acesso em 11/01/2009
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade; Fundamento da metodologia cientifica; São Paulo; sexta edição; Editora Atlas; 2007.
MALAQUIAS, Rodrigo Fernandes; et al; Valor de bolsa versus valor contábil: uma análise frente à capacidade de remuneração do custo de oportunidade; Revista Brasileira de Contabilidade; Maio/Junho; 2008.
PEREZ JUNIOR, José Hernandez; BEGALLI, Glaucos Antonio; Elaboração das demonstrações contábeis; 2. Ed.; São Paulo; Atlas; 1999.
SANTOS, Jair de Oliveira; O turismo, a Administração e a Contabilidade na sociedade Pós-Moderna; Salvador-Ba; V Seminário Interdisciplinar da Faculdade Castro Alves; 2001.
STEWART, Thomas A; Capital intelectual; Ed. Campus; Rio de janeiro; 1998.
TOFFLER, Alvin; A terceira onda; 16ª ed. Rio de Janeiro; 1980.
WERNKE, Rodney;
Considerações acerca dos métodos de avaliação do capital intelectual; Revista Brasileira de Contabilidade; Setembro/Outubro; 2002.